Melhores amigas pra sempre!
Perdi minha melhor amiga. Ela foi assassinada há cinco anos atrás. Ela foi estuprada e depois assassinada. Foi asfixiada, espancada e esfaqueada. Tínhamos 16 anos, era pra ser a fase mais feliz de nossa vida. Mas acabou sendo a pior pra mim. O que mais me dói é saber como ela sofreu. Nunca encontraram o assassino, então até hoje não foi feita justiça. Era meu aniversário, íamos fazer uma festa do pijama com todas as minhas amigas, e é claro que a Manu (a melhor amiga) ia estar. Ela ficou o dia todo na minha casa, ajudando a preparar as coisas. Ela foi embora então, voltaria à noite para a festa. Chegando a noite, todas as minhas amigas já estavam lá, menos a Manu, e nunca iria começar a diversão sem ela. Liguei na casa dela, então, e sua mãe estava chorando, dizendo que a Manu não tinha voltado desde a hora que foi para minha casa. Cancelei tudo, fui para a casa dela e fiquei lá, esperando junto com a mãe dela. Ligamos pra casa de vários parentes e amigos dela, mas ninguém sabia nada dela e ela não atendia o o celular. Resolvemos chamar a polícia, e então começaram a procurá-la. Duas horas depois, quase de madrugada, a polícia ligou dizendo que tinham encontrado a Manu. Mas não viva. Encontraram o corpo dela num terreno abandonado perto de um campo de futebol. Meu mundo acabou completamente ali. Foi o pior aniversário nos meus 16 anos de vida. Eu e sua mãe começamos a nos desesperar. Oras, era impossível a Manu estar morta. Não. Ela era imortal, não era? Nós é quem devíamos morrer primeiro que ela. Achei que só podia ser um pesadelo e que a qualquer momento eu iria acordar, e a Malu estaria dormindo do meu lado, como fazíamos desde o jardim de infância, uma dormindo na casa da outra. Ou ligar na sua casa e sua mãe dizer para eu esperar que logo a Manu viria me atender. Mas não era um pesadelo, tampoco. Era real. Manu tinha realmente morrido. Tinha ido embora para sempre. Nunca mais iria lhe abraçar e sentir seu cheiro de mel almíscar. Nunca mais iriam rir de tudo e de todos. Nunca mais lhe daria conselhos. Nunca mais iria ouvir sua risada que, não importasse o momento, sempre a fazia rir junto. Nunca mais. Nunca mais ia vê-la, nunca mais iam sair juntas, nunca mais iam assitir filmes juntas e babar pelos galãs. Nunca mais. A conhecia como a palma de minha mão, e ela me conhecia mais do que eu me conhecia. Tão linda que às vezes me doía os olhos. Simpática, divertida, inteligente e tão cheia de vida. No seu enterro, eu e sua mãe desmaiamos. Minha pressão baixou e tive que ficar três dias internada. Minha mãe dizia que quando eu dormia, no meio da noite ela conseguia me ouvir chamando a Manu. Depois de dois meses, eu ainda estava incoformada, sua mãe tinha se conformado um pouco, mas eu, nem de perto. Me afastei das minhas amigas, não ia para a escola. Mas um dia tive que ir, e quando cheguei lá, vi sua carteira vazia, e me doeu mais que tudo. A pior dor que senti. Tudo lá me lembrava ela. Eu ficava olhando pra porta, com esperança que a qualquer momento, ela iria cruzá-la, pedindo desculpas por chegar atrasada. Mas ela nunca chegou. E nunca chegaria. Uma noite, sonhei com ela. Que me abraçava, dizendo para eu ficar bem e feliz, porque era assim que ela estava. A partir desse dia, comecei a melhorar. Fui ao cinema com minhas antigas amigas, e me dediquei mais aos estudos. Mas nunca me esqueci dela. Era impossível. Chorava às vezes, mas não tanto como antes. Hoje tenho 21 anos, e toda vez que escuto Wake Me Up When September Ends da banda Green Day, que era sua música favorita, eu me acabo de chorar. Me lembro dela todos os dias, mas não com tristeza. Porque cada memória e lembrança que tenho dela, são boas e sei que aonde quer que ela esteja, está me acompanhando. E eu nunca terei outra melhor amiga. Nunca. Porque como eu sempre dizia para ela: Seremos melhores para sempre, certo, Manu? - e ela sempre me respondia. - Além da morte, Leleca.”
nossa .
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